História da Notação Musical

 

A Música utiliza um sistema de escrita formado por um conjunto e  sinais gráficos que representam  uma sequência de sons sucessivos ou simultâneos. As obras musicais por serem constituídas de som, que é imaterial, necessitam de uma escrita que possa permitir ao compositor e ao intérprete maior precisão nos detalhes que envolvem o tempo de duração, a altura, entre outras características importantes como a constituição de acordes, o ritmo, os instrumentos destinados à determinada composição entre outros. Atualmente usamos o sistema ortocrônico ocidental. Este é constituído de símbolos grafados sobre um conjunto de 5 linhas paralelas comumente chamado de pauta ou pentagrama.
A nota é o elemento principal da escrita musical e define a altura e a duração do som. Além desta temos as pausas, as claves, os sinais de dinâmica, de  expressão, entre outros. No papel, a  notação musical, apresentando o  conjunto total do material gráfico, contendo notações impressas ou  manuscritas, é denominada partitura ou grade. A partitura é uma representação escrita de música padronizada mundialmente.

História da notação Musical

Na Antiguidade os gregos utilizaram um sistema de escrita musical que se perdeu ao longo do tempo. No entanto, já haviam estabelecido no século III a.C uma notação imprecisa no sentido dos valores das notas que era usada mais como auxílio mnemônico dos músicos avançados. No geral, o ensino da música era passado oralmente devido à sólida tradição cultural helênica da época. A música vocal era grafada a partir do alfabeto jônico, enquanto a música instrumental utilizava sinais semelhantes a letras. Além disso, observam-se nas transcrições sinais específicos como pontos e traços, para indicações de modificações nos valores, a armadura de clave, os modos gregos além de pressupor a existência de escalas de duas oitavas.

Transcrição o epitáfio de Sícilo

Os Gregos tinham pelo menos quatro sistemas derivados
das letras do alfabeto.

Exemplo A:

Exemplo B:

Observe a comparação entre a versão grega e o sistema
moderno de grafia:

Sistema de Boécio – século IV:

Neumas

O termo Neuma vem do grego “pneuma” e se refere à grafia de um fraseado musical cantado em um único fôlego. Posteriormente passou a definir apenas os símbolos que representavam determinadas flexões melódicas além de outros eventos como os gestos dos regentes de coral.

A notação de neumas evoluiu na Grécia e no Império Romano até se dividirem em dois tipos: os neumas oratóricos, escritos sem pauta, que apenas indicavam o caminho da melodia para os cantores, e os neumas diastemáticos que utilizavam primeiramente uma linha imaginária e que já indicava certa precisão em relação à altura.

A partir daí foram se acrescentando linhas à pauta: a primeira escrita acima dos textos em vermelho para o “fa”, uma segunda linha em amarelo para o “do” e entre as duas acrescentou-se uma terceira linha em preto.

 

Guido d’Arezzo

No século X a notação musical passa por uma reformulação acompanhando as reformas da própria música a exemplo do Sistema Tonal que se encontrava em vias de desenvolvimento. Neste momento importante da música em plena Idade Média o monge italiano Guido d’Arezzo, que era um regente do coro da Catedral de Arezzo na Região da Toscana, adota uma pauta de quatro linhas, nomeia as notas musicais a partir de um texto sagrado em latim extraído do hino a São João Batista revolucionando não apenas o ensino da música a partir da mão guidoniana, mas também, criando definitivamente a notação musical moderna.

As sete notas musicais (do, re, mi, fa, sol, la e si) foram criadas com a intenção de facilitar a memorização das melodias. Guido d’Arezzo, após ter pesquisado centenas de cânticos, encontrou um hino a São João Batista onde cada verso começava com uma altura diferente e imediatamente superior ao anterior.

Hino a São João

Que significa:

“Para que teus grandes servos, possam ressoar claramente a maravilha dos teus feitos, limpe nossos lábios impuros, ó São João.”

Assim ele trocou as letras dos neumas pelas sílabas:

A nota Si é uma contração das iniciais do nome São João, “Sancte Ioannes“ do verso final e surgiu no final do século XV.

Para facilitar a leitura, o compositor e teórico italiano Giovanni Battista Doni (1595 – 1647), trocou o nome UT para DO (primeira sílaba do seu próprio nome) chegando às notas musicais que conhecemos nos dias de hoje.

Mão Guidoniana

À Guido d’Arezzo é também atribuído a invenção da “Mão Guidoniana”, um sistema mnemônico usado para o ensino da leitura musical, em que os nomes das notas correspondiam a partes da mão humana.

 

 

 

 

Teoria da Música

Hebert Nascimento


 

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